
Marcio de Meo
“É importante que o profissional defenda aquilo em que acredita”
Marcio de Meo
“É importante que o profissional defenda aquilo em que acredita”
Marcio De Meo decidiu cursar Jornalismo nos anos 1990, inspirado pelo sonho de ser correspondente de guerra. “Eu imaginava algo como nos anos 1960, mas o jornalismo já era outro, com correspondentes presos a escritórios”, reflete. Estagiou na Gazeta Esportiva e trabalhou no marketing do Palmeiras – “Mas não sou palmeirense”, ressalta o santista. Desde 2017 é diretor de Comunicação da Uber no Brasil, buscando atuar em uma multinacional em que a comunicação tenha papel estratégico e o mercado brasileiro seja relevante.
O que despertou seu interesse pela área de comunicação?
Fiz ensino médio na área de biológicas e no momento do vestibular prestei para diferentes cursos, inclusive Ciência da Computação. Mas decidi pelo jornalismo. Desde a faculdade tive algumas experiências profissionais que me permitiram conhecer redações e agências de notícias.
Algum momento marcante da sua trajetória que você gosta de lembrar?
Estabelecer metas rígidas nunca funcionou para mim. Comecei em comunicação corporativa em 1999, atuando em agências até 2012, quando decidi que queria ser cliente. Em agências você acaba se distanciando da essência da comunicação. Já em empresas o cenário é diverso: você é o especialista em comunicação em um ambiente no qual essa não é a atividade principal, o que traz desafios únicos e, para mim, mais conforto.
Tive experiências longas em empresas com impacto significativo. Estou há sete anos na Uber e, antes, fiquei quase seis na Embraer. Quando saí, busquei uma multinacional de origem estrangeira. Companhias norte-americanas, por exemplo, têm uma cultura de comunicação que envolve a área em processos estratégicos, da concepção de produtos à engenharia. Eu queria atuar em uma organização em que a comunicação tivesse assento nas mesas de decisão e o Brasil fosse um mercado relevante.
Conte-nos um pouco sobre a sua área.
Temos uma estrutura matricial. Respondo para o diretor de Comunicação na América Latina, que se reporta ao VP de Comunicação. E atuamos com os times locais de outras áreas, assim como com a diretora no Brasil. A estrutura é descentralizada. Tenho comigo cinco pessoas, mais três que respondem para meu par, que atua no México. Independentemente de hierarquia formal, temos reuniões de times de que todo mundo participa. Essa integração funciona muito bem e é fundamental para a qualidade do trabalho. Também contamos com o trabalho de agências de diferentes áreas, como comunicação interna e redes sociais.
O que você destaca no ano de 2024 entre os projetos e atividades que realizou?
Um projeto de destaque foi a celebração de dez anos de operação no Brasil. Fizemos um evento celebratório, trouxemos o CEO global, realizamos com o Datafolha uma pesquisa para mapear o impacto da atividade. Falando especificamente do Prêmio Aberje, tivemos um Uber Cast premiado na categoria Diversidade e Inclusão com o tema “Tecnologia e a diversidade compartilhando a rota para a segurança”.
Que valores você prioriza ao liderar sua equipe?
Tenho a sorte de contar com um time muito qualificado. É importante dar autonomia a estas pessoas. Além disso, um dos valores corporativos da Uber que eu admiro é: “Faça a coisa certa”. Pressão sempre vai haver, de diversos lados, interna, externas, e é preciso tomar decisões segundo o melhor juízo. Além disso, é importante que o profissional defenda aquilo em que acredita. Essa característica ajuda a posicionar o profissional do ponto de vista reputacional.
Qual livro ou autor mais influenciou sua forma de pensar?
Na época da faculdade eu gostava muito dos livros e das colunas do Paulo Francis. Acho polemistas, em geral, muito interessantes, pelas provocações que trazem. De literatura mais tradicional, eu citaria 1984, do George Orwell, e Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley.
O que você faz para relaxar e recarregar as energias?
Eu tenho criança pequena em casa, então “horas vagas” se tornou um conceito mais distante. Faço atividade física por necessidade. E sempre gostei de mergulhar, uma atividade que me ajuda a me desconectar de meus pensamentos.
Alguma frase ou conceito que você usa como mantra no dia a dia?
Sempre digo para os colegas: comunicação resolve problema de comunicação. Se o produto não é bom, se o discurso não está alinhado com a prática, ela não vai resolver. Existe uma expectativa sobre a área que não é real.