
Leandro Modé
“Brumadinho foi a mola propulsora para uma transformação que começa na cultura”
Leandro Modé
“Brumadinho foi a mola propulsora para uma transformação que começa na cultura”
Leandro Fonseca Modé construiu uma trajetória de destaque no jornalismo, iniciada nos anos 1990, e na assessoria de imprensa a partir de 2013. Ao longo de sua carreira acumulou experiências em grandes redações do país, trabalhou na maior agência de comunicação corporativa da América Latina e liderou a comunicação do Itaú Unibanco. Em setembro de 2023 assumiu a Diretoria de Comunicação da Vale, uma empresa que, segundo ele, é hoje profundamente diferente do que era há cinco anos. “Me impressionam a capacidade de impacto da Vale e sua atuação nacional, que tem me proporcionado uma rica oportunidade de conhecer diferentes realidades brasileiras.”
O que despertou seu interesse pela área de comunicação?
Quando adolescente, me atraía o papel do jornalismo de registrar a história. Me encantava, por exemplo, assistir às reportagens de TV e ler as de jornal e revista sobre a queda do Muro de Berlim, sobre as primeiras eleições presidenciais pós-redemocratização do Brasil. Aos poucos me apaixonei pela comunicação em sentido mais amplo, exercida por diferentes disciplinas, como as relações públicas e a publicidade.
Algum momento marcante da sua trajetória que você gosta de lembrar?
Destaco quatro. A conquista do Prêmio Esso de Jornalismo pela cobertura do caso do Banco Panamericano, não só pelo reconhecimento, mas pela oportunidade de trabalhar lado a lado com jornalistas que são referência, como David Friedlander, Fausto Macedo e Sonia Racy. Outro momento marcante, em assessoria de imprensa, foi a crise reputacional vivenciada pelo BTG Pactual. O terceiro momento se deu quando eu trabalhava no Itaú Unibanco e liderei a estratégia de comunicação do programa Todos pela Saúde, que doou mais de 1 bilhão de reais para combater os efeitos da pandemia de Covid-19 no Brasil. O quarto momento é a minha vinda para a Vale.
Conte-nos um pouco sobre a sua área.
A diretoria de Comunicação é responsável por publicidade, marca, mídias e redes sociais, comunicação interna, gestão da reputação, experiência, mídia proprietária, gestão de crises e assessoria de imprensa. Ou seja, responde por todo o ecossistema de comunicação, o que representa uma enorme oportunidade, mas também um grande desafio. Desde o fim de 2024 reportamos diretamente para o nosso CEO. Somos uma companhia em processo de reconstrução da reputação após o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019. Como dizemos com frequência aqui dentro, Brumadinho foi a mola propulsora para uma transformação que começa na cultura.
O que você destaca no ano de 2024 entre os projetos e atividades que realizou?
Foi meu primeiro ano completo na Vale. Tem sido um ano intenso, de muito aprendizado e, como não poderia deixar de ser, com o perdão do clichê, com desafios relevantes e entregas robustas. De maneira resumida, eu diria que o mais importante de tudo foi o processo sucessório da companhia, que reforçou a governança da Vale. A empresa é uma true corporation, o que significa que não tem um acionista controlador, que seu capital é pulverizado entre vários acionistas. Trata-se de um sistema pouco conhecido no Brasil. Esse cenário nos trouxe o desafio de explicar seu funcionamento para diferentes públicos de interesse, entre os quais a imprensa.
Que valores você prioriza ao liderar sua equipe?
Certa vez ouvi uma história que tangibiliza bem o que penso nesse assunto: em geral as pessoas são contratadas pelos seus atributos técnicos e demitidas por questões de comportamento. Nesse sentido, valorizo atributos como ética, caráter, força de vontade, autoconfiança e objetividade.
Qual livro ou autor mais influenciou sua forma de pensar?
Nos últimos anos, quem tem me influenciado bastante é o professor de história Yuval Harari.
O que você faz para relaxar e recarregar as energias?
Para recarregar as baterias, exercício físico em primeiro lugar. No meu caso, corrida e musculação para sustentar a corrida. Para relaxar, nada melhor do que estar com a família.
Alguma frase ou conceito que você usa como mantra no dia a dia?
São vários! As pessoas que trabalham comigo devem até ficar cansadas das minhas citações, muitas emprestadas de amigos ou colegas que conheci ao longo da vida. Alguns exemplos: “O ótimo é inimigo do bom”, “Feito é melhor que perfeito”, “Precisamos estar sempre à frente da curva…” Uso também frases que funcionam como chistes para descontrair, como “A humildade é um dos pilares que sustentam a minha grande personalidade” e “Toda proatividade será castigada”.