
Deborah Rodrigues
“Trabalho com base em transparência, em verdade, em conversas difíceis”
Na escola, a carioca Deborah Rodrigues preferia as disciplinas de Matemática e Física, nas quais se saía muito bem. Pensou em cursar Direito, acabou optando por Relações Internacionais. Ainda no final da graduação percebeu que não estava onde queria. “Na faculdade, tive matérias eletivas em marketing e comunicação e comecei a me interessar por esse universo. Entrei num estágio de comércio exterior. Foi quando confirmei que não era o que eu queria para a minha carreira.”
O que despertou seu interesse pela área de comunicação?
Enquanto trabalhava com comércio exterior, consegui uma oportunidade para a área de finanças. Mas eu queria marketing e comunicação, então me inscrevi em programas trainee. Passei na seleção da Brazil Foods – foram 30 vagas para 15 mil candidatos. Conheci áreas variadas e migrei para o marketing. Mas não me adaptei com a vida em São Paulo, então voltei para o Rio de Janeiro e fui trabalhar numa empresa então desconhecida, a XP.
Algum momento marcante da sua trajetória que você gosta de lembrar?
Trabalhei na XP até 2015, quando fui atuar na empresa da minha irmã mais velha, que mora nos Estados Unidos. Ela estava estruturando sua própria marca de produtos. Foi quando percebi que não tenho perfil para empreender; gosto de funções executivas. Decidi voltar a São Paulo e recebi uma nova proposta da XP, agora na capital paulista. Cheguei como head da área de Comunicação. Até que comecei a receber propostas da Cogna, que é o principal player de educação do Brasil. No terceiro convite aceitei o desafio. Cheguei em outubro de 2019 como gerente sênior.
Conte-nos um pouco sobre a sua área.
Ao longo do tempo o escopo cresceu cada vez mais. Atualmente a área cuida de toda a comunicação institucional da marca, incluindo assessoria de imprensa, influenciadores orgânicos, participação em eventos, branding e comunicação interna. São 14 frentes de atuação e 21 pessoas na equipe, fora os parceiros. Tenho muito orgulho de falar da diversidade do meu time em todos os aspectos. São pessoas de 21 a 51 anos. Inclusive tenho vagas abertas!
O que você destaca no ano de 2024 entre os projetos e atividades que realizou?
Ganhamos um total de dez reconhecimentos, incluindo o prêmio regional e nacional da Aberje com o projeto Minha Jornada. A nossa principal marca de ensino superior é a Anhanguera, voltada para classes C, D e E. Fizemos muitos workshops com esse público e identificamos que existe uma barreira cultural: essas pessoas entendem que educação não é para elas, acreditam que não vão conseguir acompanhar os cursos. Nem têm referências em casa. Por isso buscamos influenciadores que têm o mesmo perfil. São 44; vamos passar dos 50. O foco é gerar transformação social construindo conhecimento de marca e quebrando essa barreira estrutural.
Que valores você prioriza ao liderar sua equipe?
Confiança é inegociável. Trabalho com base em transparência, em verdade e em conversas difíceis, que levam o time a um nível de maturidade muito interessante. Existe um perfil específico para trabalhar comigo: busco alta performance. Você tem que estar disposto, tem que querer fazer a diferença, construir projetos grandes, querer crescer, ter ambição. Trabalho com pessoas que queiram jogar em equipe, sejam propositivas e incomodadas, inquietas.
Qual livro ou autor mais influenciou sua forma de pensar?
Neste momento não estou muito apegada a livros. Tive uma época em que eu li muitos livros de negócios, mas então eu não desligava, porque eles traziam insights para o trabalho. Atualmente prefiro ler romances.
O que você faz para relaxar e recarregar as energias?
Eu sou workaholic por natureza, sou acelerada, gosto de trabalhar muito, estar 24 horas conectada. Mas tenho feito um exercício de equilíbrio, de ponderar diferentes aspectos da minha vida. Faço academia seis, sete vezes por semana. Gosto de treinar. Saúde é o nosso bem mais precioso. O treino contribui também com a minha saúde mental. Para relaxar mesmo, gosto de fazer… nada. Ficar deitada, assistindo a séries de ficção científica, suspense, ação. Sou caseira.
Alguma frase ou conceito que você usa como mantra no dia a dia?
Tenho um conceito em que acredito muito: nós criamos nossa própria realidade. Se ficarmos sempre focando no copo meio vazio, olhando para o problema, a crítica, o que não deu certo, a vida não flui. Acredito na energia positiva, na lei do retorno: se você fizer o bem, o bem vai acontecer a você. A vida é feita de altos e baixos, e lidar com o baixo sem se contaminar, de forma mais leve, é fundamental.