Pensata COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL · EDIÇÃO 112 · 2024

Comunicação em evolução: o legado do Prêmio Aberje

Ao celebrarmos 50 edições, não mexemos apenas na cápsula do tempo deixada por profissionais que participaram dessa trajetória, mas também projetamos um futuro em que a comunicação segue vital, inspirando mudanças e promovendo humanidade

Luis Alcubierre

Há meio século o Prêmio Aberje nasceu como um estímulo à inovação e um farol para a comunicação empresarial brasileira. Vivíamos sob o regime militar, em que a liberdade de expressão era restrita e as palavras inspiravam mais desconfiança do que esperança. Mas foi nesse contexto que elas começaram a ganhar vida própria dentro das corporações, graças a pioneiros como Luiz Gonzaga Bertelli, Wilson Bento Candeloro e Francisco Gaudêncio Torquato do Rego, que perceberam o potencial da comunicação nas empresas e decidiram premiá-las, bem como os profissionais por trás delas. Esse reconhecimento emergiu como um sopro de ar fresco, uma ode à novidade em meio ao período pós-Milagre Econômico Brasileiro, quando as empresas começaram a enfrentar enormes desafios, e consequentemente uma maior necessidade de manter seus colaboradores informados.

Desde o início o Prêmio Aberje foi mais do que uma simples honraria. Tornou-se um convite permanente ao diálogo, à troca de ideias e à celebração do talento. Transformou-se em um palco no qual histórias passaram a ser contadas, sempre com foco no progresso e no propósito. Deixamos de apenas informar e incorporamos ao nosso vocabulário verbos como integrar, colaborar, engajar, facilitar, empoderar, incluir, transformar, escutar e articular, entre muitos outros.

Ao longo das últimas cinco décadas o Prêmio Aberje testemunhou e celebrou a evolução da comunicação. A partir dos anos 1980 presenciou a ascensão da multicanalidade e do clamor por transparência e verdade. Com a chegada da era digital, reinventou-se, abraçando a tecnologia como aliada na arte de contar histórias. E assim seguiu, sempre à frente, atento às mudanças do mundo, graças à visão e ao trabalho de profissionais e acadêmicos que elevaram a Comunicação Corporativa brasileira ao patamar de reconhecimento como uma das melhores do mundo.

Seriam necessárias mais do que palavras para homenagear aqueles que, com bravura e dedicação, ergueram os pilares da Aberje e moldaram o destino da comunicação empresarial no Brasil. São homens e mulheres que, com sua visão audaciosa e seu coração destemido, pavimentaram o caminho para uma profissão que hoje é a espinha dorsal do mercado. Entre esses titãs, destacamos três luminares: Nilo Luchetti, o visionário fundador e primeiro presidente, cuja liderança plantou as sementes de um legado duradouro; Elisa Vannuccini, que em 1977 quebrou barreiras ao se tornar a primeira presidente, simbolizando a força e a determinação feminina; e o professor e pesquisador Paulo Nassar, cuja paixão e cuja sabedoria têm sido a bússola da Aberje desde 1998, guiando-a rumo a novos horizontes e elevando a comunicação empresarial brasileira  ao mais alto nível.

O que torna o Prêmio Aberje verdadeiramente especial é sua capacidade de tocar o coração das pessoas. Ele valoriza a inteligência, a criatividade  e a busca incessante pelo significado de cada ação, de cada gesto das empresas. Trata-se de um tributo àqueles que, com coragem e engenho, desafiam o status quo e nos lembram de que a comunicação é acima de tudo uma ponte que nos conecta.

Ao celebrarmos as 50 edições do Prêmio Aberje, não mexemos apenas na cápsula do tempo deixada por tantos profissionais que participaram dessa trajetória; projetamos um futuro em que a comunicação continuará a ser a força vital que move as organizações, que inspira mudanças e que, acima de tudo, promove a nossa humanidade.

Luis Alcubierre é executivo com mais de 25 anos de experiência em Comunicação Corporativa, Relações Institucionais e Governamentais. Atualmente, é conselheiro para a América Latina da Atrevia e lidera o escritório Advisor Comm. É formado em Comunicação Social pela FIAM, com pós-graduação pela FGV e MBA pela FIA-USP, além de ter realizado cursos em instituições como IESE, Columbia e Fundação Dom Cabral. Atuou como diretor de Comunicação em empresas como Kellogg, Samsung e Pernambucanas, sendo responsável por áreas na América Latina. No Grupo Telefônica, liderou a Comunicação Global da Atento em 17 países. Iniciou a carreira no rádio e integrou conselhos de associações de diversos setores, desempenhando papel estratégico em negociações governamentais.

 
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