Mudar ou sumir
MUDAR OU SUMIR
Nos novos tempos é preciso repensar a forma de impactar os stakeholders com mensagens relevantes e que estejam alinhadas aos anseios da sociedade
Os profissionais de comunicação corporativa e relações públicas tiveram de se reinventar nos últimos anos em uma velocidade nunca vista na história da profissão. Essa mudança é significativa e representa um choque tectônico de grandes proporções. Nunca mais seremos os mesmos, nunca mais seguiremos as regras e práticas que eram utilizadas até aqui. Estamos diante de uma nova era cheia de desafios de adaptação, mas principalmente recheada de oportunidades. Nestes novos tempos, precisamos repensar a forma de impactar todos os nossos stakeholders com mensagens que sejam realmente relevantes e que estejam alinhadas aos anseios da sociedade. É isso, ou adeus.
Essa alteração profunda na atividade é a mais significativa em décadas. Tirando uma ou outra evolução na forma de operar, os profissionais da área de comunicação falavam com os mesmos veículos, usavam as mesmas métricas para mensurar seus resultados e viviam num mundo com certa previsibilidade quanto às práticas e regras. Esse tempo não existe mais. Os avanços na forma de consumo de informação impactam significativamente a nossa forma de pensar, de montar times e estratégias. Além da maioria dos leitores deste texto, profissionais da área, a formação de uma equipe multidisciplinar e diversa deve agora incluir talentos advindos da engenharia, da matemática, da robótica, de UX, das ciências sociais, da filosofia e afins.
Nós, comunicadores, precisaremos aprender a navegar nesse novo tipo de universo com novas exigências sobre nossos resultados. Em um mundo recheado de dados e informações, é preciso entender os seus clientes finais antes de criar um plano de dentro para fora. É preciso se aprofundar e, por que não, acostumarse com o uso intensivo de dados e plataformas que facilitem uma atuação ainda mais assertiva, eficiente e ágil. Quem não aprender a navegar nesse novo oceano de oportunidades será menos eficiente do que para profissionais e players que já descobriram como tirar proveito dessas tecnologias.
Outras ferramentas fundamentais dessa mudança são os novos formatos que os canais de comunicação permitem. As equipes aprenderam que é possível levar a mensagem de sua corporação para diversos públicos de formas completamente diferentes. Isso faz com que o discurso afete as pessoas de uma maneira mais profunda e duradoura.
Não podemos deixar de lado o impacto fundamental da pandemia para a adoção e a aceleração de processos que demorariam anos, como o home office, por exemplo. Em meio a isso, há mais um desafio para os profissionais do setor: pessoas que na grande maioria das vezes estavam acostumadas a trabalhar em grupo, a fazer reuniões presenciais e que então precisaram começar a planejar estratégias e a cumprir suas tarefas de maneira remota.
O início foi complicado para todos nós. De um lado, muitas equipes descobriram que a distância impede o relacionamento “cara a cara”, uma parte muito relevante do trabalho do comunicador. Por outro, facilitou a integração de tecnologias, novas práticas e maneiras de administrar melhor o tempo. Isso trouxe aprendizados que devem permanecer em várias áreas de atuação, inclusive na nossa. Apesar de todo o sofrimento por causa da pandemia, é inegável que o distanciamento impulsionou a comunicação interna e demonstrou sua importância para as organizações.
“Não vai existir companhia que não atue
com ESG nos próximos anos.
Todas terão de mudar”
Ao mesmo tempo, as empresas passaram a ter uma preocupação maior com o que entregam para a sociedade. Houve um aumento do interesse pelas práticas ESG nas grandes companhias, o que é extremamente benéfico para a coletividade como um todo. A médio e longo prazos, os benefícios serão imensos. A XP Inc. lançou os primeiros produtos de varejo de investimento em ESG e tomou uma série de medidas emergenciais para ajudar a sociedade, como a promoção de uma campanha de doação de alimentos à população mais carente logo no início do lockdown
As empresas também perceberam que têm obrigação de comunicar o que estão fazendo para melhorar a comunidade e o seu setor. Não vai existir companhia que não atue com ESG nos próximos anos. Todas terão de mudar. É uma exigência da sociedade e do planeta. Cabe a cada um de nós fazer o nosso papel e dar a nossa contribuição. Trabalhar em companhias que buscam a transformação e a melhoria da sociedade passou a ser não apenas motivo de orgulho para os melhores profissionais, mas uma condição para atrair esses talentos.
Há uma série de oportunidades ainda pouco exploradas. Isso abre muitas possibilidades para profissionais que querem fazer melhor e diferente. Compete-nos aproveitar e tornar a relação da empresa com a sociedade ainda mais profunda e conectada. É mudar ou sumir do mapa.