21 de junho de 2016

Respeito às diferenças

 

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É comum que empresas e movimentos ativistas gastem tempo, dinheiro e energia com o discurso da tolerância.

Esses grupos, muitas vezes movidos pelas melhores intenções, batem na tecla de que é preciso lidar com as diferenças de outra forma, superando o preconceito.

Assim, investem em manifestações, discursos e peças de comunicação que reforçam essa ideia. Até aí tudo certo, estamos todos de acordo.

Mas a escolha das palavras tem importância e é preciso utilizá-las com sabedoria.

“Tolerância” remete, de cara, à ideia de tolerados. Ou seja, um certo grupo, do alto de seu prestígio, no máximo tolera aqueles que estão abaixo dele.

E tolerar não tem nada a ver com disposição para conviver e aprender com o outro. É cada um no seu espaço, sendo o grupo mais vulnerável submetido à “boa vontade” daqueles mais poderosos e com mais vez e voz na sociedade.

É preciso superar os chamados à tolerância e investir em outros, mais potentes e significativos. É hora de pensar em respeito.

Respeitar envolve ter interesse pelo outro, desenvolver empatia e descobrir pontos em comum, até, quem sabe, conquistar admiração por quem é diferente de nós.

Se a tolerância não estimula o diálogo e só faz promover relações assimétricas, o respeito, ao contrário, passa necessariamente pela boa comunicação, o que aumenta as chances de entendimento.

Refletir sobre a diferença entre tolerância é respeito é fundamental para tratar da questão da diversidade de forma mais autêntica e assertiva.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Ricardo Sales

Ricardo Sales é consultor de diversidade, pesquisador e conselheiro consultivo. É formado pela USP, onde também realizou mestrado sobre diversidade mas organizações. Atua para algumas das maiores empresas do país. É conselheiro do Comitê de Diversidade do Itaú. Foi eleito pela Out&Equal um dos brasileiros mais influentes no assunto diversidade nas organizações e ganhou o Prêmio Aberje de Comunicação, em 2019. Foi bolsista do Departamento de Estado do Governo dos EUA e da Human Rights Campaign, sendo reconhecido como uma liderança mundial no tema diversidade. É também palestrante, professor da Fundação Dom Cabral e da Escola Aberje de Comunicação, colunista da revista Você SA e do Estadão, além de membro-fundador do grupo de estudos em diversidade e interculturalidade da ECA/USP.

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