Aberje e Ideal apresentam report com os principais insights do Web Summit Rio: Inteligência artificial é o principal tema
Desde 2021, a Aberje vem participando do Web Summit – maior congresso de inovação do mundo que ocorre anualmente em Lisboa. Este ano, o evento desembarcou pela primeira vez na América Latina, com o Web Summit Rio, e a associação esteve lá no intuito de elaborar um report especial com os principais insights e temas que impactam o dia a dia da comunicação corporativa. O relatório desta edição foi feito em parceria com a agência Ideal e contou com a colaboração de várias associadas que também estiveram no congresso. O documento foi compartilhado com a rede de associados durante uma live no Youtube da Aberje, no dia 16 de maio. Na ocasião, os participantes tiveram a oportunidade de conversar com profissionais da rede Aberje e discutir sobre como a tecnologia pode transformar as relações, a forma de consumo e a comunicação.
O documento traz alguns pontos de vista de profissionais que estiveram no evento e trilhas de conhecimento sobre inovação como narrativa da Comunicação, sobre a necessidade de experiência, conteúdo e forma; uma visão geral do evento sobre como aproveitar os conteúdos; lições do Web Summit Rio para comunicadores; os macro insights do evento e uma série de artigos de convidados e associados da Aberje. Assinaram os artigos Luiz Bernardo, sócio-fundador da Prosperidade Conteúdos; Bruna de Frias Rodriguez, gerente de Experiência de Marca e Performance do Grupo Energisa; Bruno Rossini, diretor Global de Comunicação do QuintoAndar; Leandro Conti, diretor sênior de Comunicação e Marketing & Relações Externas na Hotmart; e Thaís Passarella, superintendente de Marketing, Marca e Comunicação da TecBan. Também contribuíram com textos a equipe da Aberje – Victor Henrique Pereira, gerente de Relações Institucionais e Internacionais, Douglas Cantu, gerente de Eventos, Andre Nakasone, gerente de Conteúdo, e Arthur Motta, da equipe de Conteúdo – e da Ideal – Ricardo Cesar, CEO Global, e Paula Nadal, Chief Strategy Officer Global. O documento completo está disponível aqui.
O encontro online para apresentação do documento teve a participação de alguns associados que contaram a sua experiência no evento do Rio como Bruno Rossini, d iretor global de Comunicação do QuintoAndar; Thaís Passarella, superintendente de Marketing, Marca e Comunicação da TecBan, e Pedro Henrique (Peagá) Oliveira, diretor de Comunicação da Unico, com apresentação e mediação de Paula Nadal, Chief Strategy Officer Global da Ideal. A abertura ficou a cargo de Ricardo César, CEO da Ideal, que também participou do debate. A fala inicial da live foi de Victor Henrique Pereira, gerente de Relações Institucionais e Internacionais da Aberje.
Cenário incerto requer renovação de repertório
A coragem é contagiosa. A impactante frase dita na cerimônia de abertura por Ayo Tometi, co-fundadora do movimento Black Lives Matter, serviu de exemplo para Paula Nadal expressar o que ouviu e sentiu durante os quatro dias do megaevento ao compartilhar os principais insights e algumas lições aos comunicadores. “Ela falou sobre a importância e a força das mobilizações sociais e do uso do ambiente online para fazer com que elas aconteçam, e que isso vai muito além da questão étnico-racial ou da inclusão”, disse.
Em sua visão, a frase da ativista cabe muito bem para esse ‘momento’ da comunicação. “Um momento de transformação profunda e de ampla capacidade de adaptabilidade nesse cenário de comunicação em que vivemos”, salientou a executiva. “E ninguém está muito certo até onde vão essas mudanças. Quem não está confuso, está mal informado. Embora a gente sempre fale de tomar decisões em cenário de incertezas, do ponto de vista de desenvolvimento do negócio e da comunicação, isso nunca foi tão premente. Ainda que o evento não garanta a profundidade dessas discussões, devemos ampliar a nossa visão para renovarmos nosso repertório de ideias e saídas para os problemas do nosso dia a dia. Tudo depende da nossa postura profissional”, ressaltou.
Seis lições do Web Summit
1 – Inteligência Artificial: um novo ciclo tecnológico
O tema Inteligência Artificial (IA) permeou vários painéis e debates do evento, que deixou bem claro o quanto ela será a responsável por mudanças profundas que vão ocorrer em vários setores da sociedade. O ChatGPT, por exemplo, lançado a pouco mais de seis meses vem encantando por sua usabilidade simbolizando a fase de transição de um novo ciclo tecnológico. “A principal dica para os comunicadores aqui é entender, estudar, testar e escolher que tipo de problema, de fato, quer resolver com essas tecnologias”, ponderou Paula.
2 – Relação Humanos X Robôs
O potencial e as ameaças sobre o uso e desenvolvimento crescente das tecnologias de IA foram amplamente debatidas nas diversas palestras. A relação entre o ser humano e o robô é outro ponto de destaque do relatório. Paula considera que todas as noções básicas de sociedade e conceitos que ajudam a formar a cultura serão novamente moldados. “Cultura só se forma a partir do processo coletivo de compartilhamento da linguagem e quando existem inteligências que emergem dessa linguagem, elas também são linguagens, e com capacidade de aprender rapidamente. Teremos mudanças profundas sobre a forma como pensamos, sobre como essas IAs vão se desenvolver e o quanto vão impactar a sociedade como um todo”.
3 – Cuidados em relação à IA
O ChatGPT, talvez a primeira IA generativa a furar a bolha tech, já está sendo utilizado nos mais diversos ramos profissionais – foi a plataforma com o crescimento mais rápido da internet, atingindo 100 milhões de usuários nos dois primeiros meses de lançamento (para se ter uma ideia, o TikTok levou nove meses, e o Instagram, dois anos e meio). Além da questão sobre a precisão dos fatos, as outras principais preocupações que a IA suscitou no Web Summit dizem respeito à privacidade e à questão dos vieses dos algoritmos.
4 – Atentar-se ao timing
Alain Sylvain, fundador da SYLVAIN, jogou uma provocação em todos os presentes em sua palestra. Ao traçar um comparativo entre criatividade e timing, Sylvain questionou o fato de “ser criativo” ter uma valorização maior que uma boa leitura de timing nas organizações. Para citar um exemplo, o palestrante questionou se os Beatles, considerados por muitos a principal banda da história da música, teriam tanto sucesso se não fosse pelo timing de seu surgimento. Ao levar a discussão para o lado corporativo, o executivo não deixou de valorizar a criatividade, mas demonstrou que o timing é o segredo para trazer maior retorno nas organizações.
5 – Não restringir a atuação a um único canal
O painel de Neil Patel, um dos maiores nomes do marketing digital mundial, trouxe para discussão formas de alcançar o público em uma “corrida multicanais”. O empreendedor defendeu que seguidores não representam audiência. “Não existe forma de construir repertório de marca, de falar de múltiplas mensagens e de defender causas enquanto marcas se a gente não tiver uma estratégia multicanal. nenhum usuário é capaz de memorizar informações o tempo todo se ele só tiver contato com aquela informação em um único canal. Essa não é uma conversa nova, mas segue importante para que as marcas desenvolvam uma cultura omnichannel para alcançar melhores resultados”, comentou Paula durante a apresentação do relatório.
6 – Preparar-se para lidar e trabalhar em cima de críticas
A organização do Web Summit Rio recebeu duras críticas nas redes sociais depois do Opening Night e do dia 1. As grandes filas, palestras em inglês com público majoritariamente brasileiro, falhas técnicas e até pessoas ficando para fora foram os principais pontos citados pelo público. Na visão de Paula, é natural e saudável que isso aconteça. “Para nós, comunicadores, aprender a lidar e a trabalhar em cima de críticas é fundamental. E não considerar, necessariamente, tudo como crise, mas criar critérios para avaliar o que vai se tornar uma crise importante de comunicação ou o que, de fato, é uma crítica, e trabalhar a partir dela para seguir evoluindo”, acentua.
Macro Insights
– Os testes com inteligências artificiais generativas já estão sendo feitos há anos. O que encantou o mundo, agora, foi a experiência de usuário, que facilitou o acesso e entendimento da capacidade transformadora das IAs generativas para os ecossistemas de negócios, mídia e consumo.
– A inteligência artificial resulta na concentração de recursos que estão nas mãos de grandes empresas, que construíram esse modelo de tecnologia por meio da publicidade de vigilância. A necessidade de regulação foi uma das tônicas nas discussões.
– É preciso cuidar dos dados, como se cuida de uma casa. Os processos de segurança, de forma geral, não estão acompanhando os avanços da inteligência artificial e a criptografia será fundamental para lidar com a veracidade, ou não, das informações.
Os novos perfis profissionais
Um estudo feito por pesquisadores da OpenAI e pela Universidade da Pensilvânia, nos EUA, mostrou quais são as profissões mais expostas e impactadas pelo avanço da inteligência artificial. A análise mostrou que profissões como “Especialista em Relações Públicas”, por exemplo, estão 66,7% expostas a transformações radicais provocadas pela IA. Em alguns grupos da amostra, este índice passou dos 80%.
“Daqui um ano, possivelmente, estaremos muito diferentes no nosso dia a dia. As principais competências profissionais que vamos precisar desenvolver vão desde a engenharia de prompt até a nossa capacidade criativa, estratégica e de utilizar a tecnologia a nosso favor”, comentou Paula Nadal.
Criatividade x timing
É preciso colocar a criatividade na mesa de decisão e considerá-la uma habilidade fundamental para o sucesso de profissionais e empresas. Para David Droga, CEO da Accenture Song, a perspectiva de que pessoas lógicas e lineares fazem o mundo funcionar e pessoas mais criativas tornam a nossa experiência mais interessante e valiosa é fundamental. “Para criar uma cultura de criatividade e inovação em uma empresa, escolha sempre especialistas em vez de generalistas”, disse. “Coloque no comando pessoas capazes de resolver problemas e dê a elas liberdade para se expressarem e correrem riscos”.
Transformações no ecossistema de startups
A América Latina é um celeiro de oportunidades. Quanto mais complexos os problemas, maiores as oportunidades para se desenvolver negócios que os solucionem e, por consequência, maior a complexidade de se chegar a negócios verdadeiramente eficientes.
Logo, as perguntas que todo empreendedor deve se fazer ao pensar na expansão ou na implementação de um novo negócio é “por que aqui?” e “por que não?”. As respostas vão levar a possíveis barreiras de desenvolvimento, assim como aspectos culturais, sociais e econômicos que devem ser levados em conta para se chegar a uma solução.
Impressões gerais do Web Summit Rio:
Networking e moderação
Bruno Rossini, do QuintoAndar, destacou o networking que o evento pode proporcionar como ponto positivo e comentou sobre a impressão que teve quanto à proposta do evento no Brasil (Rio de Janeiro). “Estive lá por dois dias e encontrei pessoas que eu não via há anos e participei de discussões que não tinha há muito tempo. Já como ponto negativo destaco a moderação; de certa forma os assuntos não se aprofundaram porque a moderação foi rasa, com pouca conexão entre os participantes dos painéis que me leva a uma reflexão sobre o evento: o Web Summit precisa definir qual é a proposta do Web Summit Rio, é um evento que simplesmente acontece no Rio ou foi feito para o Rio (mercado brasileiro e da América Latina)?”
Uso de dados e segurança
Peagá Oliveira, da Unico, salientou que a pandemia acelerou o processo de revolução da IA generativa. “A inteligência artificial se apropria do uso de dados e se ela vai evoluir ainda mais está muito associada à capacidade que nós, seres humanos, teremos de organizar os dados, porque sem dados organizados, a IA se torna um “tio bêbado” que responde coisas sem entender nada”, analisou. “Esse crescimento exponencial da IA generativa está associado ao baixo cuidado que nós temos com nossos dados, portanto a face da moeda de segurança é a privacidade”, completou.
Nova era e potencial brasileiro
Thaís Passarella, da TecBan, falou sobre IA, criatividade e Brasil. “Estamos acostumados a ter respostas prontas, temos que aprender a conviver mais com o hype e com o não-hype e por ‘n’ motivos isso tem causado uma polaridade nas nossas decisões. E, como comunicadores, temos que analisar o quanto damos de espaço para o time também compartilhar”, refletiu. “O Brasil tem muito potencial para ser visto como um país de inovação e não um país estereotipado. Estamos numa nova era e é bom investir tempo discutindo e o Web Summit Rio abre novas discussões e ter um evento desse porte no Brasil é bom para os brasileiros pensarem em inovação e criatividade”.
Efeitos positivos e negativos da IA
Ricardo César, da Ideal, comentou sobre os efeitos positivos e negativos do largo uso da inteligência artificial. “Nós, comunicadores, teremos desafios adicionais, com a IA sendo largamente presente na sociedade, como fake news, deepfake ainda mais forte do que ocorre hoje e marcas, produtos e empresas estarão sujeitos a sofrer efeitos negativos de raters ou de pessoas mal intencionadas. Por outro lado, a IA vai permitir o surgimento de novos produtos e serviços de comunicação e sobretudo mais eficiência no que já fazemos. E, ao ganharmos tempo e eficiência, teremos que treinar os nossos talentos para usarem esse tempo sendo mais estratégicos e fazendo coisas que a IA nunca vai fazer. Quem fizer isso bem, vai dar um salto nas contribuições de comunicação para as nossas organizações”, finalizou.
Assista à live na íntegra:
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