22 de março de 2018

Edelman Trust Barometer 2018 mostra o Brasil entre os seis países com quedas extremas de confiança no mundo

Em sua 18ª edição, o estudo global EDELMAN TRUST BAROMETER 2018 revela que os índices de confiança caíram em todas as instituições no Brasil entre a população em geral. As maiores quedas aconteceram no Governo, que despencou 6 pontos, chegando aos 18%, e na Mídia, que perdeu 5 pontos, agora com 43%. As Empresas, este ano com 4 pontos a menos, e as ONGs, com menos 3, aparecem empatadas: ambas com 57%. Os movimentos para baixo colocam o Brasil entre os seis países com quedas extremas de confiança, ao lado de Estados Unidos, Itália, África do Sul, Índia e Colômbia. O estudo traz outras seis nações na outra ponta, representando os maiores ganhos: China, Emirados Árabes, Coreia do Sul, Suécia, Malásia e Polônia. Globalmente, 20 dos 28 países pesquisados, incluindo o Brasil, foram classificados como desconfiados em relação às suas instituições, ou seja, índices abaixo dos 50.

Realizado pela Edelman, agência global de Relações Públicas associada da Aberje, o estudo mede os índices de confiança no Governo, Empresas, ONGs e Mídia. A pesquisa ouviu mais de 33 mil pessoas em 28 países, com o trabalho de campo realizado entre 28 de outubro e 20 de novembro de 2017. “Tradicionalmente, a confiança cai quando as pessoas estão com menos esperança sobre seu futuro e aumenta quando elas se sentem mais otimistas”, explica Cristina Schachtitz, líder de Engajamento Corporativo na Edelman. “Nesta edição, os dados revelam um mundo polarizado em relação ao sentimento e é um desafio às organizações navegarem nesse ambiente com realidades tão díspares”, completa.

Em ano de eleições no País, esses dados sobre confiança são um alerta importante. Com a crise política e econômica, e todos os casos de corrupção que vieram à tona, o estudo mostra que a maior fatia da conta recai sobre o Governo, e não sobre as Empresas. Segundo o Trust Barometer, 81% dos brasileiros acreditam que o Governo é a instituição mais corrompida das quatro pesquisadas, quase o dobro da média global, enquanto 41% dos entrevistados no Brasil afirmam que as Empresas representam um caminho para um futuro melhor.

Apesar da queda de 4 pontos, as Empresas ainda estão entre as instituições mais confiáveis entre os brasileiros. Como resultado disso, 60% dos entrevistados no País afirmam que os CEOs devem assumir a liderança em movimentos de mudanças no lugar de esperar que o governo as imponha. “A confiança é um ativo de valor para as instituições”, diz Cristina. “Ações contínuas de construção e manutenção de confiança devem ser uma prioridade estratégica importante de toda e qualquer organização”, completa.

Pela primeira vez, a Mídia (que engloba produtores de conteúdo e plataformas) é a instituição menos confiável globalmente. Em 22 dos 28 países, ela se encontra no território da desconfiança. O Brasil (43) está entre as nações que registraram as maiores quedas, ao lado da Índia (61) e dos Estados Unidos (42) – a confiança na Mídia nas três sociedades caiu 5 pontos. A diminuição da confiança nas plataformas digitais (mecanismos de busca e redes sociais) está entre as responsáveis pelo cenário – entre os brasileiros também caiu 5 pontos. Ao investigar com maior profundidade a Mídia, nessa edição, o Trust Barometer traz como tema central as fake news. A proliferação de notícias falsas ou distorcidas representa papel importante na queda da confiança tanto da Mídia quanto nas outras instituições (Governo, Empresas e ONGs). Sinal disso é que 58% dos brasileiros não sabem diferenciar o que é verdade do que é mentira; 68% não sabem em quais políticos confiar e 48% não sabem em quais companhias ou marcas confiar. E mais: 75% têm medo que as fake news sejam usadas como armas.

Quando o assunto é porta-voz mais crível, houve um avivamento da fé em especialistas e um declínio na credibilidade entre pares (amigos e familiares) globalmente. No Brasil, as principais vozes que representam especialistas recuperaram credibilidade: o sentimento em relação aos jornalistas aumentou 12 pontos para 47%; nos oficiais do governo, seis pontos para 28% e nos CEOs, quatro pontos para 52%. A credibilidade da pessoa comum, por sua vez, despencou oito pontos para 70%. Ela, no entanto, continua sendo o porta-voz mais confiável na opinião dos respondentes. Diante disso, pode-se inferir que a queda na confiança em amigos e familiares é mais um reflexo de sociedades polarizadas, onde as pessoas priorizam ouvir, ler e compartilhar pontos de vistas semelhantes aos seus seguindo a tendência do viés de confirmação.

Em meio à crise de confiança e às fake news, a expectativa é de que as instituições se posicionem de maneira transparente. “A confiança só será recuperada quando a verdade voltar para o centro do palco. As instituições devem atender ao apelo do público para fornecer informações precisas e oportunas e se juntarem ao debate público”, conclui Richard Edelman, presidente e CEO global da Edelman.

 

Outras descobertas do Edelman Trust Barometer 2018 incluem:

  • Tecnologia (86) continua sendo o setor mais confiável entre os brasileiros. Serviços de Saúde (51), por outro lado, é o que inspira menos confiança no País. As maiores quedas – 11 pontos – foram nos setores de Alimentos e Bebidas, Indústria e Bens de Consumo.
  • Seguindo tendência global, enquanto a confiança nas Empresas é de 57% no Brasil, a confiança dos respondentes em seus empregadores é muito superior – está em 72%.
  • Globalmente, empresas com sede no Canadá (68), Suíça (66), Suécia (65) e Austrália (63) são as mais confiáveis, enquanto as companhias sediadas no México (32), Índia (32), Brasil (34) e China (36) são as menos. A confiança em marcas com sede nos Estados Unidos (50) caiu cinco pontos, o maior declínio entre os países pesquisados.
  • A confiança nas empresas nacionais caiu 10 pontos entre os brasileiros, atingindo o patamar de 41%, à frente somente de marcas originárias da Índia (39).
  • 39% dos entrevistados no Brasil indicam que eles interagem com os principais meios de comunicação menos de uma vez por semana.
  • No Brasil, 67% das pessoas comuns não sabem distinguir o bom jornalismo de boatos ou mentiras.

 

Sobre o Edelman Trust Barometer – O Edelman Trust Barometer 2018 é a 18ª edição da pesquisa anual de confiança e credibilidade. O estudo foi realizado pela agência de pesquisa Edelman Intelligence e é o resultado de entrevistas online de 25 minutos feitas entre 28 de outubro a 20 de novembro de 2017. O levantamento online do Trust Barometer 2018 foi realizado com 33 mil pessoas em 28 países. Todo o público informado atendeu aos seguintes critérios: faixa etária 25-64 anos; nível superior; renda familiar no quartil mais alto em sua faixa etária de cada país; lê ou assiste a mídias de notícias/negócios pelo menos algumas vezes por semana e acompanha questões de políticas públicas no noticiário várias vezes por semana.

 

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