12 de julho de 2018

Fake News: má fé ou comportamento social?

Você sabe o que são fake news? As fake news se tornaram um comportamento social e estão dominando as redes sociais, mas é importante avaliar a veracidade das notícias para não sair disseminando conteúdo mentiroso por aí. Sua marca também pode ser vítima desse fenômeno, e caso isso aconteça, é preciso ter planejamento e originalidade para evitar crises.

O meio digital, no qual prevalece a pressa e a falta de paciência para os detalhes, é o ambiente ideal para a propagação das fake newsFake-news-RMA-20180518

O que são fake news? Na Wikipedia, a definição de fake news é “a distribuição deliberada de desinformação ou boatos”. Com todo respeito à plataforma, que representa a opinião consolidada da população online, eu discordo. As fake news representam um novo comportamento social. O meio digital, no qual prevalece a pressa e a falta de paciência para os detalhes é o ambiente ideal para a propagação das fake news.

Além dos robôs que espalham notícias falsas nas redes sociais para manipulação de diferentes grupo ideológicos, esse fenômeno deve também ser creditado à má fé de indivíduos que produzem e compartilham propositalmente notícias falsas.

Dois exemplos emblemáticos deste ano de fake news brasileiras são: o caso Marielle Franco e a exclusão de provas providas por Marcelo Odebrecht do processo da Lava Jato sobre o sítio do Lula em Atibaia. No caso de Marielle, após o seu assassinato, a magistrada Marília Castro Neves compartilhou em seu perfil nas redes sociais falsas notícias sugerindo que a parlamentar morta tivesse sido “eleita pelo Comando Vermelho” e que fosse “engajada com bandidos”. Mentira e manipulação que, mesmo após desmentidas, terão consequências jurídicas. No caso do sítio de Atibaia, a Folha de São Paulo publicou uma matéria com o título: Decisão do STF tira Lula das mãos de Moro e do TRF4. Ao ler a mesma matéria publicada pelo G1, o factual é completamente diferente: A maioria dos ministros considerou que as informações dadas pelos delatores da Odebrecht sobre o sítio de Atibaia e sobre o Instituto Lula não têm relação com a Petrobras e, portanto, com a Operação Lava Jato. A Folha errou, mas será que foi por má fé? Creio que não. O que houve foi apenas precipitação do veículo na pressa de dar a notícia.

Mas é claro que o comportamento do público é determinante para que as fake news se espalhem. Nós lemos conteúdos com os olhos da nossa ideologia – no sentido amplo – e compartilhamos o que tem o mesmo viés que o nosso. Também somos ingênuos ao distribuir notícias antigas, sem checar as datas ou ao compartilharmos notícias absurdas, inclusive memes, tomando por fatos reais. Minha esposa cai nessa diariamente (hoje vou levar bronca em casa, rs).

Em resumo, além do comportamento individual, ao falarmos de fake é preciso reconhecer que estamos diante de um quadro social. Reclamar disso é como reclamar da poluição dos oceanos. Não adianta culpar a tripulação dos navios nem a população que lança lixo nos rios que desaguam no mar. De fato temos um problema cultural e educacional, que vai levar séculos para ser corrigido. Se é que um dia será.

Então, o que fazer a respeito? Depende. Se você está ao lado do público, não seja superficial nem imprudente ao espalhar notícias com pouco ou nenhum respaldo. Na dúvida, verifique. Há ótimas ferramentas para te ajudar com isso, como por exemplo o site Fake ou News ou a agência Lupa. Agora, se você fala por uma marca que se vê prejudicada pelas fake news, a discussão é muito mais profunda.

Um exemplo é o do caso do suposto rato encontrado na garrafa de Coca-Cola em 2014. Além de tomar as devidas medidas judiciais, como foi feito pela Coca-Cola, o que mais era possível fazer? Faça do limão, uma limonada!

Abaixo, listei algumas ideias para os marqueteiros corporativos:

> Transforme a fake news em um meme. Você acha mesmo que um rato cabe em uma garrafa de refrigerante?  Brinque com o assunto, mas não deixe de ressaltar os aspectos positivos da marca. Nesse caso, especificamente, o rigor do controle de qualidade da empresa está em jogo.

> Monitore tudo que pode ser publicado online sobre sua marca e se antecipe aos problemas.

> Invista em campanhas para chamar a atenção do público sobre a responsabilidade da sua marca em relação à divulgação de fake news.

> Tenha sempre um comitê de crise que possa falar rapidamente com a imprensa sobre as fake news que, porventura, possam respingar sobre a marca.

> Trabalhe continuamente para que sua empresa tenha a imagem de uma marca útil, com propósito, sempre aberta e transparente para discutir com o público qualquer assunto.

> A marca NUNCA deve adotar apenas uma postura reativa com relação às fake news. Por vezes, a negação apenas reforça a notícia.

O importante é que as marcas sejam sempre responsáveis e estejam cientes da relevância da gestão contínua do brand value, que eduquem seu público e que estejam sempre preparadas para enfrentar as crises com fatos e ações, em vez de lamentações.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Augusto Pinto

Engenheiro de formação, Augusto tem mais de 30 anos atuando no mercado de TI. Iniciou a carreira na IBM, de onde saiu para se tornar um executivo bem sucedido na indústria de software. Foi o 1º presidente da SAP Brasil, onde atuou por sete anos, e também VP América Latina da Siebel Systems. Atua há mais de 15 anos em Comunicação Corporativa, como sócio fundador da RMA Comunicação. Em fevereiro de 2019, a RMA e RP1 uniram suas operações, criando uma nova empresa, a RPMA, empresa de comunicação integrada e projetos digitais. Hoje o Augusto faz co-gestão da RPMA, junto com a Claudia Rondon e Marcio Cavalieri, cuidando das áreas de Marketing Digital, Criação & Vídeo, RH estratégico e desenvolvimento da empresa a longo prazo.

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