Equilíbrio entre tech e touch na Comunicação Interna
Analisando a 4ª Revolução Industrial, e com base nas dimensões racional, emocional e comportamental do ser humano, desenvolvemos o conceito da Comunicação Interna 4.0*, sustentado por três pilares: curadoria (pensar), experiência (sentir) e monitoramento (querer).
Depois de muito observar, pesquisar e estudar sobre o assunto, é possível afirmar que, muito em breve, as áreas de Comunicação Interna perderão seu posto de únicos emissores nas empresas, pois todos os colaboradores terão acesso a uma plataforma digital e poderão se expressar e divulgar suas narrativas e opiniões.
Porém, o que pode nos qualificar para garantir a sobrevivência da CI é nossa expertise em alinhar o propósito organizacional a, no máximo, três grandes narrativas anuais, para envolver e engajar os colaboradores de forma mais assertiva. Mais do que conteúdos racionais, essas narrativas devem, principalmente, ser propagadas por meio de experiências offline e online. Afinal, a dimensão emocional é o primeiro e mais importante estímulo a chegar ao cérebro e é o centro de todas as nossas decisões.
Caminhando para um mundo cada vez mais digital, pode-se vislumbrar que as experiências digitais serão mais importantes, mas não nos enganemos. As experiências físicas são – e continuarão sendo – mais relevantes por nos estimularem no aspecto sensorial, no aspecto humano. Como o futuro hiperconectado não tem precedente histórico, cabe a nós desenhar os próximos anos seguindo a máxima de que quanto mais tech as ferramentas, mais touch devem ser as relações. Quanto mais tecnológicos os canais, mais relacionais os processos.
E é exatamente isso que fizemos ao listar as formas da experiência da CI 4.0, separando-as em físicas e digitais:
Físicas
● Conversas face a face líder-liderado: o líder imediato é o principal influenciador dos colaboradores. Ele pode dar foco, direção e engajar seu time muito mais facilmente que qualquer outra pessoa na empresa. Por isso, devemos apoiá-lo. Mesmo isso sendo falado pelos quatro cantos, ainda vejo as áreas de comunicação interna muito afastadas da média liderança em suas empresas. Entendo que esse processo merece a principal atenção dos profissionais de comunicação interna.
● Conversas entre colega-colega como influenciador/multiplicador, facilitador, engajador: como área de Comunicação Interna, podemos criar grupos e redes formadas por colaboradores com poder de influenciar outros funcionários. Então, trabalhe com essas pessoas para multiplicarem e reforçarem narrativas e ações na sua empresa. E atenção: esse time atua melhor quando recebe treinamento.
● Eventos presenciais: quando estamos junto aos outros, desenvolvemos o sentido de pertencimento a algo maior do que nós. Nosso cérebro encontra segurança, conforto e bem-estar nessa experiência, mesmo que sejamos desafiados. Por isso, eventos com a alta administração elevam o sentimento de orgulho e importância do colaborador. Durante grupos de foco, ouvi uma vez que “se os líderes pararam para falar comigo é porque eu sou importante para a empresa”.
● Vivências que utilizem mais de um sentido (visão, audição, olfato, paladar e tato): como somos seres sensoriais, nosso cérebro entende mais rapidamente o vivenciar algo em vez de ouvir ou ler algo. Na próxima oportunidade para falar da importância das mãos, por exemplo, tente promover uma experiência pela qual o colaborador tenha suas mãos amarradas e peça para ele executar alguma tarefa que dependa delas. Ele experimentará essa dificuldade e fará conexão imediata da necessidade de proteger as mãos.
Digitais
● Fóruns, comentários, likes: quando estamos no ambiente digital, compartilhando e interagindo com as pessoas, nosso cérebro libera dopamina, responsável pela sensação de prazer. O fato é, mesmo não sendo neurocientistas, as pessoas gostam dessas interações.
● Gamificação: é o mesmo raciocínio do item acima. Gamificação é quando você usa dinâmicas de jogos como recompensas e como ranking para engajar pessoas. Não deve ser encarado como entretenimento. Aprendizados mais densos se tornam divertidos nesse contexto, além de promover de forma saudável a competição e a colaboração.
Físico e digital
● Storytelling: “um fato tem 20 vezes mais chances de ser lembrado se estiver ancorado em uma história”, diz o estudioso literário americano Jonathan Gottschall. Histórias têm o poder de capturar e reter nossa atenção, transmitindo conhecimento, valores e conceitos desde o berço, literalmente. Em tempos de “infoxicação”, boas histórias rendem boas experiências. E isso pode ser presencialmente ou por meio de vídeos.
Quanto mais tech, mais touch precisamos ser em nossas experiências
Importante lembrar que, quanto mais tecnologia tivermos, mas fácil será segmentarmos as experiências, pois os algoritmos nos darão subsídios para conhecermos gostos, motivações, ambições e tantas outras informações que hoje não temos em mãos. A experiência da Comunicação Interna é complementar ao Employee Experience, que acontece em todas as horas da verdade do colaborador na empresa. E vale dizer que toda experiência tem de ser verdadeira e jamais manipulada.
Faço aqui uma provocação: se amanhã ao acordar, o mundo já estiver vivendo de forma disruptiva a 4ª Revolução Industrial, o big data, a internet das coisas e a inteligência artificial, o que você fará com a sua Comunicação Interna? Você corrigirá sua rota para que os processos de CI sejam mais tech ou mais touch? Para que façam sentido, conectem e transformem as pessoas?
* Para saber mais sobre Comunicação Interna 4.0 acesse https://goo.gl/8xCxWx
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